segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Epitáfio




Por vezes fazes anos
que morreste,
e o aniversário da tua morte
é a motorizada que não deixa
de passar por mim, todos os dias,
coberta de esperma de foguete
cinzas e desperdícios,
e que vai, permanentemente em festa
ao lado do meu veículo, a arder
na direcção inconclusa do tempo,
contra a vez de um espelho
aprioristicamente partido,

sempre

no sentido de chegar ao inferno
ao mesmo tempo que eu.

1 comentário:

  1. De um sentimento brutal, a roçar o inquietante.
    Bom poema, lindissimo blog.

    Um abraço.
    Mefistus
    http://rabiscosdealma.blogspot.com/

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