quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Realidade



Enquanto o Verão termina, com a ternura patológica de uma amante sem braços, ouço contarem-me a história de um antigo rei louco que fabricava realidade. Parece que à medida que ia enlouquecendo mais e mais, o rei adquiria também mais poder, conhecimento, ouro, sábios e laboratórios sofisticados, o que lhe adiava consequentemente a queda abrupta na imbecilidade total. Mas nunca chegava a curar-se. O saldo era sempre positivo para o lado da enfermidade e o poder, o conhecimento, o ouro, os sábios e os laboratórios sofisticados detinham-se invariavelmente diante de cada crise do monarca.
Um dia, o rei tornou-se dono do planeta, governador da natureza e depositário do acaso, e a realidade deixou de ser um propósito real.

1 comentário: