quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A uma passante (no facelessbook)





Não há crítica que convença
o cinema da minha cegueira
quando o teu corpo todo é usado
a favor de uma estátua com cílios.

Todas as imagens são filhas
da filtragem da luz do sol
e da minha introversão,
que entretanto
se encontrou finalmente
perdida.

Porque na realidade nunca te despes.
E nas tuas fotos do Facelessbook
estás demasiado convencida
que a noite não te trará nem mais um chapéu
proibido onde possas pousar a cabeça
e a fotogenia.

Ocultas o rosto na convexidade da técnica
e durante o teu sono injusto
o teu cabelo sangra copiosamente
entre o pus e o design
da dor e do atrevimento
de estares tão longe de mim.

5 comentários:

  1. André,

    Que captação!
    Parar imagens em palavras.
    Estas, então, são extasiantes:

    "estátua com cílios" /
    "o teu cabelo sangra copiosamente"

    Grande abraço, poeta.

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  2. Adorei isso!
    Estou atenta ;)
    abraços

    Lúcia

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  3. O que escreves neste poema corresponde a sentimentos que muitas vezes se sentem por pessoas que passam pela nossa vida, sejam reais ou virtuais. Como eu gostaria conseguir escrever um poema assim para alguém especial ou receber ...

    Uma admiradora que ainda não aceitaste amizade no FB.

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