
O calor cala a cena habitual,
inunda de nudez e estátuas
as nossas novas instalações.
Despromove o equilíbrio do corpo.
Instaura uma regra movida a indisciplina,
uma vida de estilo barroco minimal.
Enquanto a ideia da água
veste o vestido de noite
donde sobressaem as suas próteses
insolúveis na sedução.
Cada um com o seu infinito pessoal e muita pele ambígua
atravessa o calor.
Há um anjo na personalidade utópica da ventoinha.
As horas engordam. Algumas mais exageradas,
chegam mesmo a morrer, sem darmos por isso.
Os animais não dormem: derramam
lentamente o seu instinto
amador.
As faces abandonam o seu âmbito
mais ou menos prestável
e pedem pão extemporâneo
às portas das grandes desfigurações.
Eu escrevo numa banheira contígua
histórias de hipertermia maligna
provocada apenas por amor.
Sabes que odeio calor...
ResponderEliminarSe alguma vez calor foi bom, agradável e refrescante, foi aqui! Obrigado!
Fluidez sinfónica em ambiente tórrido!
Amei!
A descrição do calor está perfeita, não haja dúvida que tudo se transforma desde o comportamento até aos corpos que transmitem mais sensualidade. Homens e mulheres ficam mais expostos e sedutores. As cabeças ficam quentes e parecem ventoinhas a olhar para tudo e todos e a paixão paira no ar. Faz-me lembrar o título do livro de Frank Ronan, "Os homens bronzeados ficam bonitos" e as mulheres também. O cheiro é diferente nesta época do ano e o mar? Só apetece mergulhar nas águas límpidas do Oceano para refrescar e se acompanharmos com uma bebida fresca, fica perfeito.
ResponderEliminarA imagem, como sempre, mostra o quanto é bom ficarmos frescos como as estátuas de mármore, só que elas não se movem e nós temos a vantagem de escolher o nosso caminho com liberdade, o que não acontece com as estátuas. São colocadas onde o homem quiser e nada dizem e apenas são contempladas pelos mortais.
Gostei da tua descrição do calor!
A tua amiga
Princess Deo
A poesia não se comenta. Come-se. E eu cada vez mais venho aqui a me nutrir.
ResponderEliminarObrigada por partilhares a mesa com quem tem fome de palavras cruas.