terça-feira, 16 de novembro de 2010

Jamais




Jamais, a temível capital da Terra do Nunca, não fica muito longe daqui. Aliás, nos dias sem nuvens é mesmo possível avistar Jamais, a torre mais alta da sua sé catedral, os edifícios engalanados de flautas e asas, pertencentes ao corpo governamental e diplomático do sonho, a antena vibrante das telecomunicações, a ala norte do palácio da imaturidade secular, e mais um ou dois triunfos da sua arquitectura lunática e acidentada, que se erguem contra a negatividade que a etimologia obscena depositou na sua invertebrada constituição.
Embora à primeira vista não pareça, Jamais vem descrito no mapa como a mais emancipada micro-nação de que há memória e registo. Isto porque Jamais está de tal forma encorajado a diluir-se na sua inexactidão, que nenhum mapa aponta as mesmas coordenadas para situar Jamais. Digamos que Jamais – mais do que a temível capital da Terra do Nunca – é um pequeno país incerto e itinerante, sendo este argumento ainda assim incapaz de explicar porque Jamais aparece ao mesmo tempo assinalado por todo o planeta mapeado, como se todo o planeta fosse absoluta e completamente Jamais, como queria Peter Pan.

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