sábado, 27 de novembro de 2010

Theatrum Anatomicum




Feliz nunca é bem o termo.
Nada nunca é bem o termo, é certo,
mas feliz, menos ainda.

E é por isso que eu tenho a certeza
que o mais pequeno país do mundo
é não ser feliz
- e querer ser feliz, ainda,

é a grande moda deste Inverno,
assim como as flores que nascem
um pouco loucas na boca do pugilista,
fruto das suas gengivas sensíveis
e da face menos visível do escudo
onde está gravado o brasão
da sua falta de reservas

porque mesmo que as nossas raízes
pesem o dobro dos advérbios

é preciso pintar o mundo com clorofórmio verde
e assistir, sem hesitação, da tribuna
à autópsia de um desequilíbrio.

2 comentários:

  1. Perfeita descrição do estado que muitos de nós sentimos. Parabéns amigo Poeta

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  2. Caro André, ainda não são 3, e não sei se devo dizer da manhã ou da noite. Creio ser a mesma coisa, porque 3 horas e não 15, é sempre à noite, o Sol ainda se esconde. Ele vai aparecer mais tarde, quando for dia. Mas foi 3 da manhã que escreveu num outro poema, de que também gostei, contudo foi este sobre a felicidade que verdadeiramente não existe, ou assim assim, de vez em quando, como agora, aparece, justificando estas palavras. Um abraço do Emerenciano

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