quarta-feira, 9 de junho de 2010
Gestos a evitar
Recupero da febre das princesas de mármore.
Vou tornar-me num homem necessariamente melhor
mas sem flores para dar.
A partir de agora, levarei apenas o meu corpo frágil
ao baile
e ao teu pescoço as minhas mãos
desiguais.
Viajarei sozinho para as ruínas de amanhã
capital do novo âmago.
Levarei a minha face à face da estrada
estupefacta, e serei eu próprio quem irá escrever
a notícia dos meus passos directos ao acidente
e ao oriente da idade, e de tudo o mais
que nos embaraça
de rugas e teatros exaustos
entre tantos gestos a evitar.
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É lindo e pode ler.se nas entrelinhas tanta coisa. É sempre agradável ler algo que nos toca.
ResponderEliminarA inspiração não a tem muita gente, mas a poesia pode tocar muita e a cada de maneira diferente.
Nem sei o que dizer mais pois já há muito tempo que não lia um poema de alguém tão sensível, que só pode ser o caso.
A tua poesia, é algo que toca no fundo e fala do presente, antecipando o futuro. A escrita pode levar-nos longe, viajar, sonhar e pensar.
Liberdade gestual...
ResponderEliminarEis algo sobre o qual ninguém discorre.
Gente com as linhas da face e as rugas da testa, programadas ao comando dos que o comportamento controla... assim: meio ventrílucos!
Liberto um gesto de espanto e deleite pelas palavras desatadas aqui.
Um abraço.